segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Lição 6 EBD - A conversão do carcereiro da Macedônia

Verdade Aplicada

O desespero e a ansiedade podem levar à morte, mas se ouvirmos o evangelho de Jesus Cristo e o aceitarmos, seremos salvos.


Paulo e Silas na Prisão At 16

Paulo e Silas cantavam na prisão à meia-noite. Temos aqui uma boa lição espiritual. Ela nos deixa preparados para aqueles dias escuros que, mais cedo ou mais tarde, vêm tentar cada indivíduo, lar ou nação. E assim nosso cântico espiritual pode animar a outros que estão nas trevas. As cadeias públicas não contêm uma centésima parte dos prisioneiros que existem no mundo: nos lares, ruas, lojas e até nos templos. Há ao nosso redor uma multidão de prisionei­ros: da maldade, da consciência acusadora, dos vícios. Precisam tanto de nossos cânticos cristãos! E ninguém está tão profundamente atolado na iniquidade que fique total­mente indiferente a esta música! Ninguém está tão acorrentado que não possa pelo menos inclinar o ouvido para captar a melodia!

I - A Cruel Perseguição (At 16.16-24)

1. Uma misericordiosa libertação. As perseguições que Paulo sofreu vieram da parte dos judeus. Agora temos a primeira perseguição movida contra ele exclusivamente pelos gentios. Uma adivinha endemoninhada seguia Paulo e Silas clamando, maliciosamente ou sobrenaturalmente constrangida: "Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo". Parece que Satanás, às vezes, empregava o truque do testemunho para causar empecilhos ao Evangelho. Leva alguns de seus agen­tes a se pronunciarem seguidores da obra evangelística. Seu objetivo é desacreditar o Evangelho, fazendo com que o povo em geral tenha péssima impressão dos cristãos. Se aquela pobre possessa tivesse continuado a gritar atrás de Paulo, todos teriam dito: "Aí vai uma das convertidas dele!" Isto não seria um elogio à obra de Paulo. O Senhor Jesus não convidava nem permitia a continuação do testemunho de demônios (ver Mc 1.23-25). Dias depois, Paulo já não aturava esta publicidade indesejável, e expulsou o demônio da mulher: "Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela".

2. Uma falsa acusação.
Paulo, e qualquer outro cris­tão, pensaria tratar-se de uma bendita libertação para a jovem. Mas seus donos (era escrava) tinham outro ponto de vista: o apóstolo estragou os dotes de uma boa adivinhadora, cortando-lhes a fonte de lucros. Tirando vantagem do fato de os judeus não gozarem do favor de Roma, prepararam a seguinte acusação: "Estes homens sendo judeus, perturbaram a nossa cidade. E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, vis­to que somos romanos". Os donos da escrava não con­taram a verdade de que Paulo, num instante, expulsou um poderoso demônio. A lei romana nada dispunha contra isso. Portanto, inventaram a acusação política de perturbarem a paz da cidade ensinando costumes ilíci­tos. Os líderes judeus usaram a mesma estratégia para obter a condenação de Jesus pelo magistrado romano (ver Lc 23.1,2; comp. At 24.5). O Evangelho interfere nos lucros dos que se dedicam ao tráfico imoral. Quando isso ocorre, sempre aparecem queixas insinceras contra a interferência nos direitos do indivíduo, bem como opo­sição ferrenha (ver Lc 8.33-37; At 19.23-27).

3. Um aprisionamento brutal.
Os magistrados não se deram ao trabalho de investigar o assunto. Logo deram a sentença, mandando açoitar os apóstolos e lançá-los na prisão. No escuro da parte mais profunda do cárcere, seus sofrimentos físicos aumentaram pela posição incômoda. Foram presos no tronco, instrumento de tortura e humilha­ção. Nem por isso os esforços evangelísticos de Paulo e Silas foram impedidos. No cárcere, seguiu-se um culto fora do comum.

II - Um Culto de Louvor Fora do Comum (At 16.25-29)

1. A confiança inabalável.
"E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam". Estes dois pregadores estavam na prisão, mas a prisão não estava neles! Não oravam apenas, o que seria natural com as costas ensanguentadas, mas também cantavam louvores a Deus! A fé cristã revela sua nobreza de caráter quando triunfa sobre as circunstâncias. E as pessoas se regozijam numa situação que provocaria gemi­dos nos menos espirituais. Estes homens estavam servindo ao Deus "que dá salmos entre a noite" (Jó 35.10; cf. At 5.40,41). É bem possível que estivessem num estado de enlevo espiritual que os fez insensíveis aos sofrimentos. Os relatos da Igreja Primitiva descrevem mártires tão consci­entes da presença de Cristo que parecem insensíveis às torturas. Comparar o êxtase de Estêvão, em At 7.55,56. Não é de admirar que "os outros presos os escutavam". Estavam acostumados às lamentações, gritos de dor e maldições rogadas contra as autoridades lá, no fundo da prisão. Mas louvores, orações e cânticos se constituíam em novidade para eles!

2. A prisão abalada.
"E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram". Deus geralmente fala numa voz mansa e tranquila dentro da consciência. Mas às vezes fala em trovões, terremotos e relâmpagos. Quando o Senhor quis falar com Lídia, abriu mansamente o coração dela para deixar o Evangelho entrar (At 16.14,15). Para falar ao carcereiro, Deus necessitou de um terremoto. Então, sacudiu-lhe o coração endurecido e o dos criminosos inveterados que ali estavam, despertando assim sua consciência à necessidade da salvação. Deus sacode o terreno onde pisam os homens. Faz seus planos e prospectos tremer. Ameaça-os com perdas e até deixa-os enlutados, a fim de levá-los a pensar na salvação e na eternidade.

3. O carcereiro abalado.
Quando o carcereiro viu a porta aberta, seu primeiro impulso foi tirar a própria vida. As­sim, evitaria a degradação pública seguida pela pena de morte (ver At 12.6-10,18,19). Esta imediata tendência ao suicídio era típica na civilização romana daqueles tempos. Havia um senso desesperado de que a vida nada valia e total ignorância de qualquer esperança além dela. Na rea­lidade, alguns filósofos contemporâneos recomendavam o suicídio àqueles que achavam intoleráveis os fardos da vida diária. As palavras de Paulo ao carcereiro, porém, repre­sentam a mensagem evangélica a todos os que pensam no suicídio: "Não te faças nenhum mal!"

III - Um Culto Evangelístico Fora do Comum (At 16.30-40)

1. A grande pergunta.
Nesta altura, um medo dife­rente tomou conta do carcereiro. Enquanto pensava no terremoto, as palavras da jovem adivinhadora lhe vie­ram à mente. Então, aqueles homens eram realmente servos do Deus Altíssimo, e o terremoto, a expressão de sua ira. Lembrava os cânticos de louvor e de triunfo que os prisioneiros cantavam em tão difícil situação. Tal atitude seria mais uma prova de serem eles dotados com poderes sobrenaturais. Assim deve ter arrazoado o carce­reiro consigo mesmo. Então, lembrando os maus tratos que ele mesmo dera aos dois servos de Deus, a consci­ência do carcereiro começou a açoitá-lo e deixá-lo ater­rorizado. Todas estas circunstâncias fizeram surgir nos seus lábios a grande pergunta que se esconde em cada alma humana: "Que é necessário que eu faça para me salvar?" O que significa ser salvo? De acordo com o uso que o Novo Testamento faz da palavra, significa "estar seguro, preservado". O carcereiro quis ser preservado da ira do Deus a quem Paulo servia. O Deus que sacudira a terra. Ser salvo, portanto, significa estar em relaciona­mento certo com o Deus santo e com a certeza de que já nenhuma condenação nos aguarda na eternidade.

Significa ser feito são, curado. O terremoto despertou na consciência do carcereiro a lembrança da maldade de sua vida. Agora, passava diante dele como um panorama. Ser salvo, então, significa ser curado daquela doença espi­ritual chamada pecado, que causa a morte da alma.

Resumindo:
A salvação nos liberta do poder e da culpa do pecado. O pecado nos faz culpados diante de Deus. Pecando, empregamos faculdades dadas por Deus, para desonrar ao próprio Criador. O pecado contamina a alma. O abuso das energias que Deus nos deu reage contra a alma, enfraquece a vontade, dá origem a maus hábitos que se multiplicam e fortalecem e produz má disposição.

2. Uma resposta clara.
"Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa". O que significa crer no Senhor Jesus Cristo? É crer em fatos concernentes a Cristo (1 Co 15.1-8). O Cristianismo é uma religião baseada em eventos reais e históricos que ocorreram há quase 20 séculos. Eles fazem parte vital do plano de Deus para a salvação dos homens.

Significa, também, confiar totalmente em Cristo para a salvação. E ser unido a Ele num relacionamento pessoal.

3. Uma conversão real.
"E, tomando-os consigo naque­la mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e logo foi batizado, ele e todos os seus". O carcereiro sentia três coisas antes desconhecidas a ele: a simpatia, a gratidão e o arre­pendimento que raiaram em sua alma. Depois de lavar as feridas dos prisioneiros, submeteu-se ao rito do batismo para a lavagem das chagas da sua alma (ver At 22.16): "E, le­vando-os a sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa". A crueldade fora transformada em hospitalidade e amor. "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama a seu irmão permanece na morte" (1 Jo 3.14). Houve grande alegria naquela vida! Não existe no mundo alegria tão grande como a de quem recebeu o perdão e começou nova vida.

IV - Ensinamentos Práticos

1. O ministério do cântico.
Um jovem tenor cristão, visitando Chicago, foi conhecer museus e outros pontos de destaque com seu hospedeiro. Este disse-lhe depois: "Ago­ra já lhe mostrei o que temos de melhor; talvez seja bom visitar o que temos de pior". Levou o cantor a um lugar onde se reuniam os piores elementos cantando modinhas indecentes. Finalmente, pediram que ele contribuísse com uma canção. Não sabia o que fazer - não queria profanar sua arte sagrada em tal lugar. Depois pensou: "Coragem! Preciso desfraldar a minha bandeira cristã neste lugar in­fernal!" E assim, cantou com tons claros e doces: "O Amante Salvador" e "Mais Perto Quero Estar". Acabando de cantar, a turba que se reunia para o pecado se escoou em silêncio. O dono do local colocou os ponteiros do re­lógio em meia-noite, apagou as luzes, enxugou os olhos e foi para casa. A doce voz do tenor fez com que o local se tornasse por demais celestial para o proprietário continuar suas atividades indignas.

É uma bênção cantarmos juntos na igreja. Há, porém, grande necessidade de os cânticos de Sião chegarem às esquinas das ruas, prisões, hospitais. Assim, transmitire­mos a mensagem de esperança àqueles que estão amarra­dos pelo pecado, enfermidades e desespero.

2. Cantando na prisão.
Paulo e Silas na prisão são exemplos para os cristãos que se acham em situações difí­ceis. Muitos podem testificar que receberam experiências semelhantes às do salmista: "Invoquei o Senhor na angús­tia; o Senhor me ouviu, e me pôs em um lugar largo" (SI 118.5). A palavra "tribulação", no hebraico, quer dizer li­teralmente "lugar estreito", "aperto". Algumas verdades se notam com respeito àqueles cânticos na prisão. Verdades que se aplicam ao se cantar em qualquer situação difícil.

2.1. Não é fácil cantar na prisão.
Precisamos muita graça divina para conseguirmos agir assim. Quando nos sentimos bem é fácil dizer a um irmão abatido: "Fique animado, Deus está dirigindo tudo". Excelente! Mas sabemos pregar assim a nós mesmos quando atravessamos períodos de desâni­mo?

2.2. Cantar na prisão, embora difícil, é uma possibili­dade real, porque "posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4.13).

2.3. Os que sofrem por serem fiéis à sua consciência cristã recebem grande consolo. Reconhecem o privilégio de sofrer por amor a Cristo e experimentar a comunhão dos seus sofrimentos. A música de uma marcha animada dá mais vigor a soldados cansados. O soldado da cruz, nas longas marchas neste mundo, renova suas forças cantando louvores.

2.4. Muitas vezes, cantar assim traz grandes resulta­dos. Os cânticos de Paulo e Silas levaram a conversões. A realidade do Cristianismo é demonstrada, de modo convincente, pela perseverança dos cristãos durante uma severa provação.

3. O Espírito de triunfo.
Nos dias de Paulo, o melhor que os filósofos ofereciam aos cansados e sobrecarregados era uma filosofia de vida, uma explicação arrazoada acerca da natureza da vida. Os conselhos deles basicamente se resumiam no conceito de "aguentar tudo com um sorriso amarelo". Não foi, porém, nenhuma filosofia ou teoria re­ligiosa que levou Paulo e Silas a cantarem com vitória. Era o poder do Espírito Santo, que transmite júbilo espiritual. Certo jovem quis uma entrevista com Phillips Brooks, o grande pregador. Desejava esclarecimento para um proble­ma que o deixava perplexo. Procurou termos para sua pergunta de forma a deixar clara a natureza da sua dúvida. Chegou o dia tão esperado de passar uma hora com Phillips Brooks. A experiência daquele contato foi tão radiante que se sentiu transformado. A vida era novamente algo glorio­so. Finalmente, caminhando para casa, lembrou-se da per­gunta. "Isto não importa mais" - disse o jovem. "Já desco­bri que me faltava, não a solução para um problema espe­cífico mas um contato com um espírito triunfante".

Jesus não veio ao mundo tanto para dar à raça humana um novo sistema de ética (embora o tenha dado também). Seu objetivo maior era transmitir poder da parte de Deus, a fim de libertar os homens dos seus pecados. E também sustentá-los triunfantemente acima de todos os males e provações da vida (ver Jo 16.33).

4. Um Evangelho sólido para um mundo abalado.
"Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo". Foi esta a resposta de Paulo a um homem amedrontado. Um homem que sen­tia abalado o terreno debaixo dos seus pés e clamou: "Que é necessário que eu faça para me salvar?"

A receita de Paulo é válida para qualquer período de transtorno. Quem lê jornais percebe que vivemos dias de uma civilização com alicerces abalados, dias de rompimento da antiga ordem das coisas. Os alicerces seculares estão sendo sacudidos. E as situações mais estáveis estão mu­dando. Em nenhum lugar, e em nenhum assunto, podemos ter certeza de estabilidade. O terreno é vulcânico, e pode haver erupções materiais ou espirituais a qualquer momen­to. Hoje, estamos presenciando o cumprimento das pala­vras: "E na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmaiando de ter­ror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo. Porquanto as virtudes do céu serão abaladas" (Lc 21.25,26).

Em meio às tensões da situação do mundo, os homens clamam: "Que é necessário que eu faça?" Não há receita melhor do que: "Crê no Senhor Jesus Cristo". O mundo dos nossos dias é confrontado com a escolha: ou Cristo, ou o caos. Somente aqueles que já receberam a salvação e vivem na esperança da vinda do Senhor podem ser otimis­tas em dias como estes.

Bibliografia M. Pearlman

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