sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Surto de cólera mata 150 no Haiti; Brasil enviará ajuda

O Haiti e seus parceiros de ajuda humanitária tentavam na sexta-feira conter um surto de cólera que matou mais de 150 pessoas e deixou centenas de doentes. "Até agora temos mais de 1,5 mil casos e o número está aumentando, e há mais de 150 mortes confirmadas", disse em teleconferência o médico Carleene Dei, diretor da missão no Haiti da agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional.
O governo brasileiro expressou preocupação e prometeu em nota divulgada nesta sexta contribuir contra o surto da doença na região de Mirebalais e Saint Marca, a cerca de 100 km da capital do Haiti, Porto Príncipe. "Na próxima semana, o Brasil enviará, em voos especiais da FAB, antidiarreicos, sais para reidratação oral e antibióticos, além de luvas e outros materiais descartáveis", disse o Itamaraty em comunicado.
O presidente do Haiti, René Préval, confirmou mais cedo que se tratava de um surto de cólera, na maior crise sanitária desde o terremoto devastador de janeiro que matou 300 mil pessoas e devastou o país, o mais pobre do continente. Essa é a primeira epidemia de cólera no Haiti em um século, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS). As autoridades haitianas do setor de saúde e entidades internacionais estão se empenhando para lidar com o problema.
"Agora estamos nos certificando de que as pessoas estejam plenamente informadas sobre as medidas preventivas que devem adotar para evitar a contaminação", disse Préval na capital, Porto Príncipe, depois de se reunir com autoridades governamentais do setor de saúde. Os sanitaristas estavam aguardando os resultados finais de exames de laboratório para determinar a causa de um repentino surto de diarreia aguda nas regiões de Artibonite e Central, situadas ao norte da capital, devastada pelo terremoto de janeiro.
O governo haitiano notificou mais de 1,5 mil casos do surto, mas nenhum foi registrado em Porto Príncipe, onde cerca de 1,3 milhão de desabrigados estão morando em acampamentos. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), escritório regional da OMS, disse que enviou equipes médicas, remédios e água limpa para a região mais atingida pelo surto de diarreia.
"Nossa expectativa é de que (os casos) aumentem", disse vice-diretor da Opas, Jon Andrus, em Washington. Ele acrescentou que a vizinha República Dominicana deve ficar alerta para o risco de o cólera atravessar a fronteira. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que técnicos brasileiros do Ministério da Saúde estão em Porto Príncipe, onde treinam agentes sanitários haitianos e ajudam a levantar as necessidades de material médico.
Brasil promete ajuda
A embaixada do Brasil em Porto Príncipe está em contato com o governo local e com organizações não-governamentais para contribuir com a mobilização de equipes médicas e com a distribuição de suprimentos médicos, alimentos e itens de higiene.
Técnicos do Ministério da Saúde estão na capital haitiana ministrando treinamento a agentes sanitários haitianos e preparando levantamento das necessidades de material médico. O fato agrava ainda mais a difícil realidade enfrentada pelo país caribenho desde o terremoto de 12 de janeiro.
Hospitais lotados
Os hospitais locais estão superlotados de pacientes com diarreia, e as vítimas morrem por causa de uma rápida desidratação, às vezes em questão de horas, segundo as autoridades. Equipes médicas que ainda estão no Haiti para a operação de ajuda pós-terremoto foram enviadas à região do surto, ao redor da localidade de Saint-Marc, uma zona agrícola que recebeu muitos sobreviventes do terremoto.
Os trabalhadores do setor de saúde estão se empenhando para impedir a disseminação da doença pelos acampamentos espalhados pela capital. O cólera é uma doença aguda transmitida por meio de água e alimentos contaminados. Ela causa diarreia aquosa e uma desidratação severa, que pode matar em questão de horas se não for tratada.
O chefe do Departamento de Saúde do governo, Gabriel Thimote, disse que as vítimas são de várias idades, mas jovens e velhos aparentemente são mais afetados. Especialistas dizem que até 80% dos casos de cólera podem ser tratados satisfatoriamente com sais orais de re-hidratação. Água limpa e saneamento básico são cruciais para reduzir o impacto do cólera e de outras doenças transmitidas pela água.

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